terça-feira, 24 de maio de 2011

PALAVRAS

Na praça pública, o homem levantou-se e disse, enquanto ia mostrando um a um os dedos da mão direita:

“Destino
Presença
Catástrofe
Futuro
Passado”

“Está louco!”, pensaram vários.
“Está possuído pelo demónio”, disse um.
“É um profeta”, disse outro.
“A palavra mais importante é Destino”, gritou um terceiro.
“Não é, não, é Futuro”, berrou outro.
A confusão generalizou-se, com todos a gritar ao mesmo tempo, defendendo os seus pontos de vista.
E foi desta forma que nasceram os Destinólicos, os Presencistas, os Catastrofistas, os Futurólicos e os Passadistas, que desde então se têm digladiado continuamente, como rezam as crónicas da cidade.
Quanto ao homem na origem de tudo isto, cujo nome a história não registou, depois de ter falado, afastou-se calmamente, e nessa tarde, contemplando o sol poente, já não se lembrava do que tinha dito de manhã.