sexta-feira, 9 de junho de 2006

O texto seguinte, concorrente a um "passatempo" para textos "à la Eça", foi publicado no Diário de Notícias em Agosto de 2000. Como o tempo passa...
Fui tirá-lo da gaveta porque verifiquei hoje no Público que a) não foram 250, mas cerca de 900 e b) que afinal estava tudo inocente.

Conclusão: mesmo Eça de Queirós se pode enganar!

Salvé, pais exemplares...

Como foi amplamente noticiado nas gazetas, uma epidemia pareceu recentemente abater-se sobre a cidade berço da nacionalidade. Na véspera de se apresentarem a exame, cerca de 250 jovens encontraram-se subitamente doentes. E pareceu ser coisa séria, porque em declarações ao DN uma mãe disse que a filha estava stressada (e é difícil encontrar mezinha para tão grave doença…) e que em Setembro certamente ainda estaria e o pai de outro aluno, por sinal médico, disse que não sabia o que o filho tinha!
O caso apresentava também alguns aspectos jurídicos controversos, suficientes para manter entretidos alguns bacharéis em Direito durante bastante tempo.
No entanto veio a concluir-se mais tarde que se tinha tratado apenas de uma aplicação prática de educação para a vida, em que algumas centenas de pais demostraram, em primeiro lugar e de forma eficaz que as leis existem para ser contornadas, contribuindo assim para dar continuidade à geração de espertalhões que têm feito avançar este país; e em segundo lugar mostrando na prática como funciona a maravilhosa instituição do atestado. Gostaria assim de publicamente louvar os pais das crianças em causa, que de forma tão eficaz estão contribuindo para a educação (sobretudo ética) dos seus rebentos.

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